quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ditadura Militar

Reproduzo matéria do blog Os Amigos do Presidente Lula, muito bom relembrar nossa história, não parece que faz tanto tempo.


Encontrada menina da foto que virou símbolo de desgaste da ditadura


Belo Horizonte, setembro de 1979. O general João Baptista Figueiredo – último presidente do regime militar – fazia uma viagem com cara de campanha.

Tomou cafezinho em um bar no centro, fez discurso. Estava tudo indo conforme o planejado até que uma menina de apenas cinco anos surpreendeu o presidente-general. Ela rejeitou o cumprimento do general.

A foto imediatamente virou símbolo da luta contra a ditadura. Foi publicada em vários jornais e revistas, no Brasil e no exterior.

“Aquilo ali lavou a alma da nação. Pra nós soou como uma vingança nacional”.

“É a magia da criança. Se fosse um adulto não teria, nunca teria o mesmo valor”, diz o ex-secretário nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda

Foi a foto mais famosa do fotógrafo Guinaldo Nicolaevsky. Mas ele morreu em 2008 sem conhecer a garota. “Ele ficou um pouco frustrado de não ter conhecido a garota. Saber quem era ela, como ela estava”, diz a viúva de Guinaldo, Sílvia Nicolaevsky.

Os amigos também tentaram encontrar a menina. Fizeram até campanha em blogs na internet meses antes da morte de Guinaldo.

“Minha ideia era mais fazer uma homenagem ao Guinaldo. Pela carreira brilhante que ele teve”, diz o fotografo Ricardo Medeiros.

A iniciativa virou notícia e reascendeu a curiosidade em torno da foto. A foto foi feita no Palácio da Liberdade em Belo Horizonte e 32 anos depois, nós voltamos ao local porque o Jornal da Globo localizou a garota da foto.

Rachel Clemens cresceu em Belo Horizonte, se formou em comércio exterior, fez pós-graduação no Instituto Tecnológico da Aeronáutica e morou e trabalhou em vários países, teve uma filha de nome Clara, que hoje está com 13 anos, e nunca teria descoberto essa história toda se não fosse por um email.

“Minha mãe recebeu um powerpoint das 100 fotos que marcaram o século. Eu sempre tive curiosidade de ver essa foto. Dei um Google aí que eu vi que estavam me procurando tem um tempão, não tinha a menor ideia”, conta.

Perguntada sobre como ela se encontrou com o general Figueiredo, Rachel lembra que, na noite anterior, o pai dela comentou no jantar que iria almoçar com o presidente.

“Aí acordei no outro dia de manhã: mãe, eu quero falar com o presidente”. Ela insistiu tanto que a mãe a levou ao Palácio da Liberdade. Quando ela chegou lá:

“Virei pra ele: você sabia que você vai almoçar com meu pai hoje? Aí todo mundo ficava assim: dá a mão pra ele, dá a mão pra ele. Eu detestei. Detesto que me mandem fazer as coisas. Não dei a mão porque eu não queria dar a mão pra ele, eu queria dar um recado pra ele”.

Depois do encontro, Rachel foi correndo para a escola e o que ficou foi a imagem da menina que recusou a mão do general-presidente. Para quem admira a foto desde aquela época, a história de Rachel não diminui a importância da imagem.

“Ela pode dizer que não era nada disso. A imagem é muito mais significativa de um momento político que o Brasil vivia”, fala o cineasta Silvio Tendler.

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